Com queda de Palocci, PMDB vai brigar por mais espaço
Partido de Temer enxerga na queda do ministro uma oportunidade de mudar a articulação política. E já está de olho na vaga de Luiz Sérgio, que segue por ora
Luciana Marques
O ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio: novo projeto para reajuste do mínimo
A princípio, mesmo com queda de Palocci, Luiz Sérgio segue no governo (Wilson Dias/Agência Brasil)
“Luiz Sérgio não teve tempo de mostrar sua competência porque Palocci absorvia muito essa área”, Henrique Alves, líder do PMDB na Câmara
A demissão de Antonio Palocci do Ministério da Casa Civil não é, ao menos por enquanto, o indicativo de uma reforma ministerial mais ampla no governo. A presidente Dilma Rousseff não pretende tirar do cargo imediatamente o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Luiz Sérgio. A pasta é responsável pela articulação política do governo, ou seja, pela intermediação entre o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Mas, na prática, essa função ficava sob responsabilidade de Palocci.
Dilma avisou na noite de terça-feira a seu vice, Michel Temer, que não substituirá Luiz Sérgio agora. Mas prometeu conversar com Temer assim que decidir escolher um novo ministro - sinalizando que a troca pode ocorrer em breve. A presidente disse que quer ajuda do vice na coordenação política, o que evitaria reclamações no processo de negociação com os partidos da base aliada.
O fato de Dilma solicitar o auxílio de Temer é uma resposta aos pedidos do próprio PMDB. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), por exemplo, havia pedido à presidente que não escolhesse um membro do PT para assumir a Casa Civil, mas alguém de sua cota pessoal. A presidente não deu ouvidos e escolheu uma petista ferrenha: Gleisi Hoffmann. Por consequência, os peemedebistas devem exigir mais espaço na articulação.
O PMDB sabe que não tem condições de emplacar um nome para ocupar o cargo de Luiz Sérgio, mas o papel de negociador poderia ficar a cargo do líder do Congresso, por exemplo. Hoje essa função não existe na prática, mas pode ser uma saída para os peemedebistas, que indicaram o deputado Mendes Ribeiro (RS) para a função.
Articulação - Temer se reuniu com líderes do PMDB na noite dessa terça-feira no Palácio do Jaburu, como adiantou o site de VEJA, para discutir a nomeação de Gleisi Hoffmann para a Casa Civil. Estavam no encontro os líderes da legenda na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN); e no Senado, Renan Calheiros (AL); o líder do governo, Romero Jucá (RR); e o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).
A avaliação dos peemedebistas é de que a escolha de Gleisi só será bem sucedida se outra pessoa ficar encarregada da articulação política do governo. A nova ministra não tem bom trânsito entre os parlamentares por seu estilo durão. Em seu primeiro discurso após a escolha de Dilma, Gleisi deixou claro que tem perfil técnico e que seu papel será de gestão. As características são as mesmas de Dilma quando era ministra da Casa Civil.